A FORÇA DO SIM

O SIM DE MARIA

Entre todas as mulheres de sua época

Maria foi a única escolhida

E o quanto foi significativa a sua decisão de aceitar ser a mãe do filho de Deus!
O SIM de Maria nos trouxe uma luz que não se apaga. Sua opção de se colocar como serva do Senhor, dizendo: “Cumpra-se em mim segundo sua vontade”, nos dá a grande dimensão de amor e fé vivida por aquela mulher comum. Quantos entre nós temos essa coragem. Quantos entre nós contemporâneos, carregados de conhecimentos científicos, abarrotados de vaidades, intelectualizados ou não, aceitariam se tornar servo incondicional diante de um convite feito por um estranho que se dizia mensageiro do Divino?
Encaramos, todos os dias, desafios com decisões a serem tomadas. Muitas delas, provavelmente, mudariam o rumo da vida de cada um. E quantos de nós, diante de um mistério, se põem confiantes a aceitar uma proposta na qual já está escrito que o SIM significaria abraçar sofrimentos e glórias? Quantos de nós, sabendo do ardor da caminhada, sem que houvesse promessas mirabolantes, aceitariam ser o centro das perseguições, das calúnias e do flagelo de uma sociedade moralista e de um radicalismo religioso?
Hoje o SIM de Maria é para muitos povos o pano de fundo de uma grande ópera sob o qual se desvenda um mistério para a humanidade. Mistério esse que vai se revelando à medida que cada um vai entendendo seu papel e vai assumindo seu personagem para o qual não cabe ensaio, visto que é vida em abundância. Cada um de nós tem a oportunidade que Maria teve naquele dia do seu SIM. Cada um de nós, num determinado momento de nossa vida, será levado a tomar uma grande decisão, diferentemente das que tomamos no dia a dia, por isso, temos de nos manter atentos, pois o SIM e o NÃO andam sempre juntos e, quando damos um SIM, estamos nos opondo a um NÃO. Portanto cabe a nós, na hora da tomada de decisão, resolver, sabendo que pode não haver volta à condição anterior, e termos o discernimento para entender de onde parte o convite ou a anunciação.
Sempre temos em nossa vida um momento de decisão crucial, que muitas das vezes chega inesperadamente do mesmo modo como o Anjo ao anunciar a Maria a condição de ser mãe. Hoje nós fazemos uso daquele exemplo de Maria, e, como prova de amor e fé, temos que dizer SIM à causa do bem; temos que dizer SIM a não violência; temos que dizer SIM ao trabalho social que tira das ruas pessoas que sofrem o abandono da família e cujas políticas sociais não as contemplam. Dizer esse SIM, no conforto da certeza de agir com boas intenções e em grupo, é, de certo modo, fácil e cômodo, pois nós cristãos partimos do princípio do bem comum. E qual a diferença do nosso SIM para o SIM de Maria?
A diferença está em que o SIM de Maria lhe deu uma gestação que afetou diretamente na carne e na alma. Sua decisão não foi retórica, sua decisão não se prendeu ao ponto de vista dos outros, a sua decisão não foi uma alegoria de discurso político ou de mascaramento para encobrir as mazelas sociais, se pondo como desbravadora do bem e paladina da justiça. Essas são considerações características do nosso SIM, e ainda na seguinte condição: desde que eu não esteja só nessa caminhada. Esse é o grande diferencial do SIM de Maria para o nosso SIM. O SIM de Maria é individual e íntimo, e o nosso se esconde no coletivo, se mantendo no anonimato e, muitas vezes, não vemos, ou por opção ou por conveniência, o rosto de quem queremos ajudar

Se cada um de nós tomasse o nosso SIM como uma gestação, teria individualmente que tratar dela até o parto, que seria o reinício de tudo, ou seja, não estaria esperando que todos se conciliassem e se irmanassem para atingir tais objetivos de benevolência. O processo seria como foi o exemplo de Maria. Ela assume uma gestação e passa por todos os sacrifícios inerentes a uma mãe. Maria, mãe que deu seu SIM pela força da fé disse NÃO ao comodismo; disse NÃO à esquiva que levaria ao conforto do anonimato. Nós dizemos NÃO a tudo que possa levar a uma condição de conflito e morte, mas nosso SIM à paz não carrega a individualidade que se impõe na hora que chega o anjo para fazer o anúncio de nossa convocação para as linhas de frente de combate ao mal.

Temos, nós também, a oportunidade de manifestar um outro SIM. Um SIM que não é alegórico como o anteriormente citado, um SIM que carrega toda a força de sentimento de mudança de vida, que para muitos também é um divisor de águas que, a partir daquele SIM, sua vida jamais será a mesma, por exemplo, quando tomamos a pessoa amada em matrimônio, damos o nosso mais agradável SIM diante de Deus e sob o testemunho da comunidade. Esse SIM tem em seu interior a mesma certeza de estamos fazendo o melhor para a vida futura. Esse SIM vai se desdobrando em graças quando a mulher também dá o seu SIM ao aceitar a maternidade e segue uma vida voltada para o filho, que é parte de um projeto de vida plena.
O projeto de transformação da humanidade naquela época teve seu ponto de partida com a anunciação à Maria e foi um anjo, o mensageiro. Hoje esse anjo pode estar representado por um religioso, por um padre, por um pastor ou uma pessoa sem uma prerrogativa religiosa ou política diferenciada, mas que já assumiu para si a responsabilidade de ser canal de realizações para atender os mais carentes não só de pão, mas principalmente de amor, de afeto e de humanidade vivida na cidadania. Nessa época natalina que, por causa do SIM de Maria, nós temos o que festejar, vamos assumir o nosso SIM às causas do bem, como uma gestação individual, onde cada um de nós que se debruçou para ver a criança na manjedoura possa se sentir grávido (a), com o corpo repleto das manifestações de uma gravidez, em que tudo está lhe lembrando que você assumiu uma responsabilidade, a de ser parte do processo de mudança para o bem. Só assim o NATAL do menino Deus renascerá junto com o filho de cada um de nós. Filho esse chamado COMPROMISSO, de sobrenome SOCIAL. Só assim viveremos e veremos a força do SIM.


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NOTÍCIA PUBLICADA EM: 16/12/2014